
Literatura infantil nas férias
Para o ano de 2021 e o ano novo que iniciou não faz
muito, talvez não seja correto se falar em férias escolares, como foi de praxe
pelos anos anteriores. Estamos num momento atípico, ainda em fase de pandemia.
Mas chamarei período de férias, sem aulas presenciais ou remotas. Mais por
hábito.
Então, é tempo de mudanças. Menos compromissos com
horários levarão pais e filhos a um cotidiano mais livre e menos pretensioso.
Para as crianças – hora de brincar, de correr, de se divertir, de curtir o sol
e áreas livres.
Faço votos que tal aconteça. Que, nas férias, se produza
mais convívio e menos isolamento. Que os tablets e os celulares tenham espaço
mais reduzido, principalmente entre os pequenos. Porque tenho observado
diuturnamente crianças presas por horas a fio a seus celulares, os dedinhos
ágeis dedilhando ininterruptos, aflitos, numa ansiedade única, feroz.
A infância, hoje, compõe uma geração digitalizada. Por
influência dos genitores no uso extremado da tecnologia, os pequenos perdem o
controle do tempo e do espaço e permanecem entregues a jogos e similares, sem
qualquer cuidado por parte do adulto quanto ao conteúdo envolvido. .Muitos
destes conteúdos aleatórios entregues ao lazer dos pequenos costumam deixar de
lado tanto as habilidades sociais quanto as cognitivas. A maioria são
distrações inócuas, quando não apresentam o pior, como atos violentos e
destrutivos.
Não incluo aqui os pais comprometidos com o uso sadio dos
eletrônicos, que compartilham das escolhas, que limitam o tempo dedicado a tal
isolamento. Não evitam o
valor importante e
salutar de tais complementos, pois que são necessários na atualidade. Tudo é uma
questão de dosagem.
Pesquisadores apontam algo interessante sobre a questão do ato de ler. O fato de
lermos, nós – os adultos – cada vez mais em telas, substituindo o papel, e a
prática cada vez mais comum de apenas "passar os olhos"
superficialmente em múltiplos textos e postagens online, podem estar
dilapidando nossa capacidade de entender argumentos complexos, de fazer uma
análise crítica do que lemos e até mesmo de criar empatia por pontos de vista
diferentes do nosso. Pior quando a exposição contínua às telas, ultrapassando o
limite de tempo orientado pelos órgãos de saúde, atinge crianças.
Uma
boa aposta seria incentivar um retorno à leitura, ainda assim, usando a
tecnologia como a grande aliada. Lendo um livro digital, por exemplo. Há uma infinidade
de títulos na internet, muitos gratuitos. No entretenimento com a leitura, os
pequenos lidam com multiplicidade de habilidades sociais, morais, de crítica e acolhimento.
Para os não alfabetizados, a leitura feita pelos pais oferece a ambos a
sociabilidade e a conjunção de interesses.
A
leitura digital pode apresentar até algumas experiências que o livro físico não
oferece, como comentários, acréscimo de imagens e jogos oriundos da leitura.
Nem
será imprescindível a praia ou a serra em viagem de férias. Em casa, com o
celular que serviu para as aulas remotas, a família reunida terá muitos momentos
de entretenimento.
Felizes
férias escolares!
Jacira
Fagundes