Numa pausa entre férias, deixo um convite aos leitores do blog.
Leiam um livro na praia, na serra, no campo...., ler é muito bom.
Venho desenvolvendo em escolas e em Feiras do Livro, a convite, palestras e oficinas dentro de um projeto que intitulei “A vez do conto”. Criei este projeto por uma razão especial – a tentativa de resgatar o prazer da leitura entre um público que vem apresentando, cada vez com maior incidência, postura negativa frente ao ato de ler. Pior que este público é constituído por professores e estudantes, justo aqueles que mais deveriam ter contato permanente com o livro, o jornal, a revista, o texto informativo ou literário.
Nas ocasiões em que lanço entre o alunado a pergunta: Quem de vocês gosta de ler?, a resposta pronta e sincera é, para a maioria, um “eu não!” bem sonoro. Com sorte, um que outro aluno levanta o braço para declarar que “sim, eu gosto de ler”, me convencendo de que nem tudo está perdido. Não só os estudantes – pequenos ou grandinhos –; de maneira análoga, professores não se constrangem em confessar que leem pouco, por falta de tempo ou mesmo por falta de interesse. Desejo conhecer os motivos da rejeição à leitura de parte dos alunos, e eles apresentam respostas nada tímidas: “ler é muito chato” ou “ ler toma muito tempo”.
De há muito, tais respostas não me surpreendem. Antes me levam à busca de entendimento do que, afinal, está se vivendo na atualidade – uma sociedade apressada, movimentando-se mediante tarefas pré-estabelecidas em números e prazos, num espaço informatizado, contatos online, informação televisiva, apelo incessante ao sujeito pela linha do visual e do auditivo, em marteladas céleres e intermitentes. O tempo é escasso para todos. Pais e filhos, ao retornarem para casa após estudo ou trabalho, se isolam em seus MSNs, ou nas urgências de respostas a emails. Nestes, até as palavras sofrem limitações; já não vem por extenso, para isso existem as abreviaturas caóticas e os símbolos convencionados à revelia. Não há tempo a perder, nem com conversas nem com leituras, ainda mais se estas forem extensas ou distantes do interesse imediato. Por isso o texto é “chato” e “toma tempo demasiado”. Com esta arquitetura de sistema, a rejeição à leitura é consequência perfeitamente admissível. Não há como discordar.
Um artigo de jornal faz referência à expressão: SLOW READING – leitura lenta. O que isso quer dizer? Que é possível e maravilhoso estabelecer uma experiência profunda com um texto longo – um livro, um artigo, um ensaio, uma novela – através de uma leitura lenta, onde irá ocorrer uma mistura de idéias suas e do autor proporcionando experiência pessoal de enorme riqueza. Mas como chegar a este nível, acostumados que estamos com textos curtos e leituras mínimas na Internet que emburrecem e nos tornam leitores menos atentos e menos capazes de interagir ou se emocionar? Sugerir que o jovem se afaste do computador é medida utópica. Então o quê?
Conquistar o aluno para a leitura fluente, crítica e prazerosa constitui processo longo. “A vez do conto”, projeto que cito acima, busca uma alternativa menos radical e acredito, mais eficaz, pois que se propõe a caminhar paralelo com a pressa e o imediatismo atual. Elege, como via de aquecimento, leitura continuada do gênero conto como o texto da vez. O conto, e não ainda o livro ou o texto longo, constitui unidade literária por excelência, uma vez que envolve uma narrativa com começo, meio e fim, e oferece a vantagem de uma narrativa curta, sem desvios do foco principal, concisa e de desenvolvimento mais instigante, mais limpo e ágil do que uma narrativa longa. A leitura de um conto despende menor tempo e assegura maior envolvimento do leitor não habituado a ler; além de estar em melhores condições de concorrência com os demais meios apontados.
A leitura de contos e de mini contos pode ser a etapa que prepara para a leitura de maior porte, aquela em que apenas um pequeno percentual da população se dedica com disciplina. Aprender a gostar e desenvolver a prática de ler, através da leitura de contos – e também de mini contos e micro contos – pode significar um ganho em termos de aquisição do hábito e da formação de futuros leitores. SLOW READING – Pare. E agora leia devagar. E aproveite tudo que a leitura pode oferecer.
Leiam um livro na praia, na serra, no campo...., ler é muito bom.
Venho desenvolvendo em escolas e em Feiras do Livro, a convite, palestras e oficinas dentro de um projeto que intitulei “A vez do conto”. Criei este projeto por uma razão especial – a tentativa de resgatar o prazer da leitura entre um público que vem apresentando, cada vez com maior incidência, postura negativa frente ao ato de ler. Pior que este público é constituído por professores e estudantes, justo aqueles que mais deveriam ter contato permanente com o livro, o jornal, a revista, o texto informativo ou literário.
Nas ocasiões em que lanço entre o alunado a pergunta: Quem de vocês gosta de ler?, a resposta pronta e sincera é, para a maioria, um “eu não!” bem sonoro. Com sorte, um que outro aluno levanta o braço para declarar que “sim, eu gosto de ler”, me convencendo de que nem tudo está perdido. Não só os estudantes – pequenos ou grandinhos –; de maneira análoga, professores não se constrangem em confessar que leem pouco, por falta de tempo ou mesmo por falta de interesse. Desejo conhecer os motivos da rejeição à leitura de parte dos alunos, e eles apresentam respostas nada tímidas: “ler é muito chato” ou “ ler toma muito tempo”.
De há muito, tais respostas não me surpreendem. Antes me levam à busca de entendimento do que, afinal, está se vivendo na atualidade – uma sociedade apressada, movimentando-se mediante tarefas pré-estabelecidas em números e prazos, num espaço informatizado, contatos online, informação televisiva, apelo incessante ao sujeito pela linha do visual e do auditivo, em marteladas céleres e intermitentes. O tempo é escasso para todos. Pais e filhos, ao retornarem para casa após estudo ou trabalho, se isolam em seus MSNs, ou nas urgências de respostas a emails. Nestes, até as palavras sofrem limitações; já não vem por extenso, para isso existem as abreviaturas caóticas e os símbolos convencionados à revelia. Não há tempo a perder, nem com conversas nem com leituras, ainda mais se estas forem extensas ou distantes do interesse imediato. Por isso o texto é “chato” e “toma tempo demasiado”. Com esta arquitetura de sistema, a rejeição à leitura é consequência perfeitamente admissível. Não há como discordar.
Um artigo de jornal faz referência à expressão: SLOW READING – leitura lenta. O que isso quer dizer? Que é possível e maravilhoso estabelecer uma experiência profunda com um texto longo – um livro, um artigo, um ensaio, uma novela – através de uma leitura lenta, onde irá ocorrer uma mistura de idéias suas e do autor proporcionando experiência pessoal de enorme riqueza. Mas como chegar a este nível, acostumados que estamos com textos curtos e leituras mínimas na Internet que emburrecem e nos tornam leitores menos atentos e menos capazes de interagir ou se emocionar? Sugerir que o jovem se afaste do computador é medida utópica. Então o quê?
Conquistar o aluno para a leitura fluente, crítica e prazerosa constitui processo longo. “A vez do conto”, projeto que cito acima, busca uma alternativa menos radical e acredito, mais eficaz, pois que se propõe a caminhar paralelo com a pressa e o imediatismo atual. Elege, como via de aquecimento, leitura continuada do gênero conto como o texto da vez. O conto, e não ainda o livro ou o texto longo, constitui unidade literária por excelência, uma vez que envolve uma narrativa com começo, meio e fim, e oferece a vantagem de uma narrativa curta, sem desvios do foco principal, concisa e de desenvolvimento mais instigante, mais limpo e ágil do que uma narrativa longa. A leitura de um conto despende menor tempo e assegura maior envolvimento do leitor não habituado a ler; além de estar em melhores condições de concorrência com os demais meios apontados.
A leitura de contos e de mini contos pode ser a etapa que prepara para a leitura de maior porte, aquela em que apenas um pequeno percentual da população se dedica com disciplina. Aprender a gostar e desenvolver a prática de ler, através da leitura de contos – e também de mini contos e micro contos – pode significar um ganho em termos de aquisição do hábito e da formação de futuros leitores. SLOW READING – Pare. E agora leia devagar. E aproveite tudo que a leitura pode oferecer.
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