QUE BICHO É ESSE?


 
O  Histórias que Pintam vem recomendar a visita à Exposição de Cerâmica QUE BICHO ESSE?,
que tem abertura no próximo dia 19 de agosto.
  Acompanhei o desenvolvimento do projeto através da ceramista Yara Nascimento. Uma proposta de trabalho inventivo e audacioso. Um tributo às estranhezas. Àquilo que é diferente, mas que pode suscitar um mundo de possibilidades.

O texto da Yara que está lá na mostra junto à sua criação, relata um pouco do que foi o processo.





ZECASTU

 
Depois de alguns momentos convivendo com a aflição do imediatismo, aceitei o desafio.  

Peguei o barro, amassei aquela massa disforme, a princípio movida pela falta de direcionamento. Do que buscava, ainda não sabia. O que encontraria, muito menos.

De repente, a dupla entrega. Como em tantas vezes, a harmonia entre a massa e as mãos apontou o caminho. Deixei-me  levar pela aventura  do desconhecido. E foi então que percebi o nascer do sonho. Permitido. Alcançável.

Consegui afastar o não e me aproximar do talvez e então da concretização do sonho. Primeiro  delineou-se a forma –  tosca e primitiva. Logo, a  forma  maleável sujeitou-se, abrandou-se.

Então ele nascia, batizado ZECASTU. 

Definitivo, enfrentou a temperatura extrema do forno. Depois, esmaltado, venceu o RAKU, o fogo intenso e brilhante. Tornou-se  a realidade que é.

ZECASTU. Ze de zebra, com a sutileza das listras em preto e branco construindo o corpo elegante.

 Cas de castor, avançando para além do corpo zebrado, num rabo de matizes acinzentados.

E Tu de tucano, revelando a pomposidade no  longo bico, numa combinação bonita do amarelo e laranja.

A arte não pede licença. A arte é plena de possibilidades.

Hoje meu animal é minha criação – é triato, tríplice, trindade.

  Yara Nascimento

 

 

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