Vem aí a oficina Caçadores
de medos – por Jacira Fagundes – escritora e Joel Silva- fotógrafo e artista visual.
O texto abaixo é a apresentação do livro “Assombros
Juvenis II”, livro resultante do
Concurso de mesmo nome, promovido pela Confraria Reinações e CORAG.
Atualmente, em sua terceira edição, o livro apresenta 10
contos de terror com ilustrações tão ou mais assustadoras do que os textos
selecionados.
Discorrer e refletir a partir do texto, sobre as
diferentes formas de medo foi a maneira que escolhemos, Joel e eu, para anunciar a Oficina de Produção de
histórias curtas de terror – “Caçadores de Medos” – a ser desenvolvida de abril a maio na
Biblioteca Lucília Minssen – na Casa de Cultura Mário Quintana.
“Caçadores de Medos” tem como ponto de referência fotos de cenas e personagens que possam provocar estranheza. A partir daí, a criação de minicontos ou pequenas narrativas complementarão as histórias com vampiros, zumbis, assombrações, fadas, bruxas, duendes, fantasmas e outros espectros, como maneira de entender, brincar e criar literatura e arte envolvendo a questão dos diferentes medos, sejam reais ou imaginários.
Aguardem mais detalhes sobre a proposta de “Caçadores de Medos”
O
real, o imaginário e o virtual
Jacira Fagundes
Primitivamente,
o medo se fundamentou na força dos deuses e da natureza. A partir daí cresceu e
se expandiu, não se limitando àquelas ameaças provenientes do que era estranho
ao humano, mas se apropriando das mentes e aflorando sentimentos perversos no
homem comum. O medo é real.
Contudo,
há como que um fascínio da criatura por tudo que possa provocar susto e pavor,
mais como espectador do que como protagonista, mas assim mesmo, um fascínio que
se deseja de permanência saudável. O cinema e a literatura contribuem para deixar
assolar sentimentos contraditórios que, na maioria das vezes, suscitam inquietude.
O medo é imaginário.
Modernamente,
é a vez dos jogos virtuais oportunizarem o exercício do maquiavélico e
destruidor. Apenas o olhar grudado à tela do computador, enquanto se acelera o ritmo
cardíaco e a respiração fica entrecortada. O medo é virtual.
E
é através do imaginário e dos jogos virtuais que o jovem leitor percorre
caminho extraordinário de descoberta da capacidade de vencer os medos. O
macabro, o fantasmagórico e o sobrenatural, na mesma medida que o paralisam, o
empurram para o desfecho não desejado, cujo caminho não permite recuo.
O
tema de maior relevância na literatura de terror é aquele impulsionado pelo
medo do desconhecido, onde a imaginação é capaz de ultrapassar o limite do
racional. Cada passada, cada fala, sussurro, soluço, gemido, e até o silêncio
que pode perpetuar em marcha lenta, tudo isso compõe a atmosfera envolta em
mistério que tanto fascina o jovem leitor. Igualmente angustiante é a luta
entre o bem e o mal, travada dentro das mentes. Tal luta tem o poder de
aproximar o leitor das suas incertezas e lhe propiciar ausência de chão,
transportando-o para fendas e buracos assustadores.
A
segunda edição do concurso Assombros Juvenis nos brinda com uma nova coletânea
de contos. Os 10 textos selecionados ousam alcançar o patamar da loucura ao
explorar a questão da identidade real e ficcional. Assim, desfilam seres
fantásticos viventes e senhores da mata; o mal aprisionado na mente doentia se
materializa nos seres inanimados; o sonho e a curiosidade guiam os passos na
direção dos mortos; aparições e prenúncios de assassinatos atemorizam o espaço
farroupilha; a atração demoníaca propõe o jugo da alma inocente; jogos reais e
virtuais revelam sentimentos vingativos dos que habitam o mundo das trevas.
O
presente “Assombros Juvenis” se oferece para nosso encantamento de leitor. Ou
para exorcizar os espectros que rondam a nossa volta. E a literatura juvenil se
enriquece com a obra.
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